PCP não abdica do seu projecto<br>e identidade
Jerónimo de Sousa esteve no fim-de-semana em Évora, Rio Maior e Azambuja a participar em iniciativas do Partido que tiveram como lema «Luta e Confiança por um Portugal com futuro».
O PCP não abdica do seu programa e do seu projecto
LUSA
Nas três iniciativas, que contaram com uma grande participação de militantes e simpatizantes do Partido dos respectivos concelhos, o Secretário-geral do PCP voltou a valorizar a importância da derrota eleitoral do governo PSD/CDS, consumada no dia 10 de Novembro, e das possibilidades que se abriram para resolver alguns dos graves problemas que afectam os trabalhadores, o povo e o País.
Valorizando o facto de o PCP ter conseguido que o PS se comprometesse a implementar medidas que «podem ajudar a mudar a vida dos portugueses», Jerónimo de Sousa advertiu que «não fará favores a ninguém e que não abdicará de defender os interesses dos trabalhadores». Da parte do PCP, garantiu, «o que o PS pode esperar é empenho e honra na palavra dada. Agora, não peçam é que abdiquemos do nosso projecto ou da nossa identidade», acrescentou.
Para Jerónimo de Sousa, a solução política encontrada não é uma coligação ou um acordo programático e nem sequer é um acordo de incidência parlamentar: é, sim, um entendimento bilateral entre o PCP e o PS que incide sobre «questões muito concretas que foram identificadas como comuns e exigindo mais urgência e solução». De fora ficaram questões em que se «verificaram diferenças substanciais» e que, colocando-se mais à frente, «se verá então como encará-las, honrando os compromissos assumidos».
O Secretário-geral do PCP fez questão de frisar que «não estamos nem perante um governo de esquerda, nem perante uma aliança de esquerda ou das esquerdas; estamos perante um compromisso com objectivos concretos e imediatos que já permitiu impor à coligação PSD/CDS uma grande derrota».
Mentiras reveladas
Outra parte da intervenção de Jerónimo de Sousa foi dedicada às «mentirolas» ditas pelo PSD e CDS ao longo da campanha eleitoral, que lhes terá poupado uma derrota ainda mais expressiva nas eleições. «Se tivessem dito toda a verdade sobre a sobretaxa e sobre o BANIF a pancada teria sido maior», acrescentou.
A última mentira a ser desmascarada foi a do défice, depois de divulgada a análise da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO): segundo esta instituição, o défice estava, até Setembro, acima dos 3,7 por cento, ou seja, bem acima da meda estabelecida pelo anterior governo para todo o ano e dos três por cento necessários para deixar o Procedimento por Défices Excessivos. O défice abaixo dos três por cento, lembrou Jerónimo de Sousa, era uma «bandeira» que PSD e CDS estavam permanentemente a erguer, tendo-o feito inclusivamente no debate do programa de Governo no final da semana passada: «afinal, parece que também aí quiseram enganar os trabalhadores e o povo.»
No futuro, alertou o Secretário-geral do Partido, «surgirão mais surpresas negativas», pois toda a campanha do PSD e do CDS foi cimentada na «ilusão, na propaganda e na mentira». Se o défice e a dívida eram bandeiras de PSD e do CDS, a realidade é bem diferente da propaganda, garantiu, acrescentando que apesar de tantos roubos e sacrifícios impostos aos trabalhadores e a outras camadas populares a economia do País está «cada vez mais rastejante».
A luta continua
No imediato, estão colocadas aos comunistas importantes e decisivas tarefas, realçou o Secretário-geral nas três iniciativas do fim-de-semana: a afirmação da candidatura de Edgar Silva à Presidência da República, a intensificação da luta dos trabalhadores e do povo e o reforço do Partido aos mais diversos níveis.
Quanto à candidatura presidencial, Jerónimo de Sousa apelou a que se trave a tentativa de PSD e CDS de, com uma eventual vitória do seu candidato a 24 de Janeiro, poderem de alguma forma «disfarçar a derrota» que sofreram a 4 de Outubro. Se a derrota da coligação PSD-CDS foi um importante passo em frente, «a luta continua», assegurou.
Mais do que as características pessoais do candidato da direita, assegurou Jerónimo de Sousa, o que é essencial é pensar na «força que a direita teria se pudesse colocar lá alguém que defendesse os seus interesses, os seus objectivos». Edgar Silva é o candidato que dá mais garantias de defender e fazer cumprir a Constituição da República naquilo que ela tem de mais avançado e progressista.
Questão decisiva é o reforço do Partido. Para Jerónimo de Sousa, os trabalhadores e o povo «precisam de um partido mais forte» e com raízes ainda mais profundas nos trabalhadores, reformados, jovens, mulheres, pequenos e médios empresários, homens da cultura e da ciência.